terça-feira, 25 de maio de 2010

Quanto tempo?

      Aos poucos vamos notando que não somos os mesmos. Mudanças vão acontecendo no corpo, na mente, ao redor, enfim, se pararmos para analisar, ontem já ficou pra trás a muito tempo. Parabeniza-se alguém por ter alcançado mais um ano de vida. É verdade, ficamos também um ano mais velho. É uma vitória? É, se constatarmos que muitos não chegaram até aqui. 
         Estamos  nos aprimorando para uma nova forma de vida, passou desta pra melhor, deixou de sofrer, são algumas das muitas frases faladas quando alguém deixa essa vida, afirmando-se que vamos para outra. Mas a verdade é: aqui na terra acabou. Não conheço ninguém que voltou pra contar como é do outro lado.
É devagar, "devagarinho", que ele, implacável, vai exterminando a vida, e nós cantamos " parabéns pra você, nesta data querida...".  
        Ainda bem que não temos só uma maneira de enxergamos a vida. Imagine o tédio que teríamos que enfrentar, jamais conseguiríamos ver que uma perda pode ser vitoriosa, e comemorada com júbilo. A dúvida parece ser o melhor modo de se viver bem. Ela não compromete, nos deixa inseguros, as vezes acreditamos, outras vezes não, e ele, na sua trajetória incansável e sem parar  um segundo, vai nos levando para o fim da nossa história.
            Tempo, meu mortal inimigo, quanto tempo você vai me dar?

terça-feira, 4 de maio de 2010

Até onde vai o show da fé

                   A maioria das pessoas que passam a frequentar determinadas denominações religiosas, e são várias, tem uma nova postura diante da vida. Em alguns casos, grandes mudanças acontecem, e na maioria, abre-se uma nova perspectiva de convivência em comunidade. Percebe-se uma sensação de que existe uma proteção maior e que a vida será outra, a partir da conversão. O ambiente social humilde não muda muito, mas cria-se um vínculo com as pessoas ao redor, antes, de difícil acesso. É claro que isto é facilitado quando o vizinho também é convertido, caso contrário, essa mudança pode ser até um problema.
A minha crítica aqui não é direcionada a essas pessoas, e sim, a determinados "fazedores" de igrejas.
Após várias leituras bíblicas, eles se denominam Pastores. A maioria passou longe da Faculdade de Teologia. Aprendem na prática, antes através dos pregadores antigos, hoje, através da TV, que virou um celeiro de grandes animadores de auditório, apresentando a Palavra de Deus. Gritos, encenações, historinhas engraçadas, e até choro, fazem parte da tática de convencimento desse novo tipo de artista do nosso tempo. São patrocinados pela venda de CDs, de livros, dízimos, ofertas "generosas", material esse criado por membros da própria igreja. A qualidade do material pouco importa, porque de qualquer maneira será comercializado entre os fiéis, para o bem da obra, que eles dizem ser de Deus.
Mas até aqui não acho que seja um absurdo, algo abominável, principalmente quando existe fé e boa intenção, no trabalho desses homens. Para ser político, exercendo um cargo público, não precisa de diplomas, nem de um conhecimento profundo do assunto.
Então onde está o erro, vamos dizer assim? Está na manipulação política que estas instituições promovem para alguns aproveitadores. Favorece a um grupo de interesse, não interessado no desenvolvimento do país, propiciando por meio deste ambiente, a promoção de um pequeno grupo de exploradores da fé, na carreira política.  O povo humilde e na maioria das vezes desesperado, em busca de soluções milagrosas, percebe, porém não se importa, que está sendo usado, também, para estas finalidades. Na mão de quem estamos entregando o comando da nação? Essa é a pergunta que me assusta. Até onde vai o show da fé?