Aos poucos vamos notando que não somos os mesmos. Mudanças vão acontecendo no corpo, na mente, ao redor, enfim, se pararmos para analisar, ontem já ficou pra trás a muito tempo. Parabeniza-se alguém por ter alcançado mais um ano de vida. É verdade, ficamos também um ano mais velho. É uma vitória? É, se constatarmos que muitos não chegaram até aqui.
Estamos nos aprimorando para uma nova forma de vida, passou desta pra melhor, deixou de sofrer, são algumas das muitas frases faladas quando alguém deixa essa vida, afirmando-se que vamos para outra. Mas a verdade é: aqui na terra acabou. Não conheço ninguém que voltou pra contar como é do outro lado.
É devagar, "devagarinho", que ele, implacável, vai exterminando a vida, e nós cantamos " parabéns pra você, nesta data querida...".
Ainda bem que não temos só uma maneira de enxergamos a vida. Imagine o tédio que teríamos que enfrentar, jamais conseguiríamos ver que uma perda pode ser vitoriosa, e comemorada com júbilo. A dúvida parece ser o melhor modo de se viver bem. Ela não compromete, nos deixa inseguros, as vezes acreditamos, outras vezes não, e ele, na sua trajetória incansável e sem parar um segundo, vai nos levando para o fim da nossa história.
Tempo, meu mortal inimigo, quanto tempo você vai me dar?