domingo, 18 de março de 2012

Nem sempre é como dizem


 Eu sou eu, dizem como se fosse. Na verdade não é, e você sabe disso. Não é difícil imaginar o mundo como seria se todos agissem  de acordo com a sua vontade real, não aquela que depende do convívio ou da ocasião.
Nem os animais domésticos são como são, por isso se adaptam ao ambiente que vive, e de comum acordo com as ordens do dono.
     Talvez se fossemos exatamente como pensamos, o mais próximo de nós não nos suportaria ou talvez se surpreendesse com a pessoa que existe escondida em nosso interior. Em casa, na rua, no trabalho, numa festa, em qualquer outra atividade social nós estamos presentes como um ser parecidíssimo conosco, mas é sozinho, em nosso quarto, que com certeza nos encontramos. Lá,  eu sou eu.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Insubstituível

      Esse texto foi escrito algum tempo depois que um grande amigo meu teve que ir para a África,  em missão evangelizadora, porque este é o seu trabalho, por ser Diácono da Igreja Católica. Deixou muita saudade na comunidade onde moro, e sempre será lembrado por seu trabalho de doação, dedicado aos  menos favorecidos. No Natal daquele ano, sem o Vito, era assim que ele era chamado, a saudade apertou e nasceu este texto. Hoje, fazendo uma varredura no meu computador, encontrei estas palavras, que enviei para ele naquele ocasião. Achei o texto bonito e resolvi publicar.

        Ninguém é insubstituível, diz a sabedoria popular. Eu acredito nisso, mas de forma diferente. Creio que a vida vai continuar, de qualquer modo, com ou sem você e que o roteiro dos acontecimentos serão cumpridos do jeito que deve ser, porém, não com o mesmo brilho. 
Na semente que você plantou, nós te vemos nos frutos, na música que você cantou, ouvimos a tua voz, as palavras que você falou, ecoam ainda em nossos ouvidos; a ausência ainda não conseguiu acabar com a sua presença.
        O que eu penso dessa máxima popular é que, ninguém é insubstituível, mas também não é igual, você é único e do seu jeito só acontecerá novamente, se um dia você voltar.
Meu irmão, meu amigo, meu companheiro de caminhada, até hoje não te escrevi porque as palavras me faltaram. O que dizer pra você, era o que eu me perguntava, porque também nossos diálogos com palavras foram poucos. Nossos corações, nossas atitudes, nossas ações, olhares, risos, emoções, sempre foram o nosso meio de comunicação, e continua sendo, por isso é difícil encontrar palavras para te escrever. Eu poderia até fazer uma busca no Googles, e encontrar textos bonitos, mas não seria verdade; não era eu escrevendo pra você.
      Como hoje é uma data muito importante para muita gente, como hoje recebemos cartas, telefonemas, mensagens, de pessoas até que não víamos a muito tempo, resolvi redigir esse texto, que saiu do meu coração, porque só hoje ele resolveu falar, só hoje eu me dei conta de que não te vejo a muito tempo.
Porque hoje é o aniversário do nascimento de Jesus. 
Quero te parabenizar pela divulgação que você faz Dele, não somente hoje, mas em todos os dias da sua vida. 
      Felicidade, muitos anos de vida, saúde, paz é o que todos desejam nesta data, e eu não sou diferente, também peço a Deus isso pra você e sendo um pouco  "chato" com Ele,  peço pelo se retorno. Você já está demorando demais nessa viagem pela África.
Ontem na missa eu cantei "Vamos cantar parabéns pra Jesus, nos abraçar, parabéns pra Jesus...", e no meu coração eu cantei, parabéns pra você.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O bom senso adverte


       Entrar no interior de alguém poderia nos fazer feliz ou surpreso, alegre ou triste, confiante ou desiludido. Quando olho para fora de mim, vejo  sonhos, impossíveis de se realizarem. Lembro do tempo, implacável, que não pára e nos distancia. Mas ainda não taxaram o sonho, que sendo reservado e pessoal, pode ser vivido com intensidade.
         Gosto de viver hoje,  fugindo um pouco da realidade, sabendo que a nada me levará, do jeito que penso. Sonho é sonho,  a realidade é real e não mente. Quando volto da viagem pelo meu interior, as vezes fico triste, porque o exterior é bem diferente do interno. Não tem como mudar, talvez numa outra vida. Dizem que tem....
         Cuidado, o bom senso adverte, sonhar pode fazer mal a saúde, se persistirem os sintomas, acorde o mais rápido possível e se enxergue.

domingo, 27 de junho de 2010

O orgulho

          A manifestação do  orgulho pode começar com um diálogo implícito, com objetivo de falar  do outro, sempre na visão de quem "puxa" o assunto. Essa ação pode ter duas metas; atingir positivameto o ego da "vítima" ou não.  
       No desenrolar da conversa,  que pode se encaminhar para uma discussão, a  réplica do ouvinte poderá ser tranquila ou descontrolada, conforme a colocação das palavras. 
      O orgulho pode ser considerado a balança que determina o rumo da conversa. O ser humano vive em constante estado de combate, e na luta pela sobrevivência, seu ego não pode ser, de maneira alguma contestado. Ao menor sinal de perigo, seu amor-próprio virá em sua defesa,  no intuito de preservá-lo, evitando-se o risco da suposta humilhação.
      Admitir um erro não chega a ser uma raridade mas é muito difícil, o comum é a defesa da opinião, até que ela seja aceita ou tolerada.
      É como se fosse um jogo onde se luta por uma vitória, em que o empate é suportado para confortar o erro de quem não admite perder.
      Estou falando do ser humano no contexto geral. Mas felizmente existe uma minoria que ouve, reflete e avalia o que é melhor no momento. Evita o combate direto quando percebe a intenção maldosa e volta atrás ao admitir que errou. Estou falando agora do ser humano cristão verdadeiramente.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Quanto tempo?

      Aos poucos vamos notando que não somos os mesmos. Mudanças vão acontecendo no corpo, na mente, ao redor, enfim, se pararmos para analisar, ontem já ficou pra trás a muito tempo. Parabeniza-se alguém por ter alcançado mais um ano de vida. É verdade, ficamos também um ano mais velho. É uma vitória? É, se constatarmos que muitos não chegaram até aqui. 
         Estamos  nos aprimorando para uma nova forma de vida, passou desta pra melhor, deixou de sofrer, são algumas das muitas frases faladas quando alguém deixa essa vida, afirmando-se que vamos para outra. Mas a verdade é: aqui na terra acabou. Não conheço ninguém que voltou pra contar como é do outro lado.
É devagar, "devagarinho", que ele, implacável, vai exterminando a vida, e nós cantamos " parabéns pra você, nesta data querida...".  
        Ainda bem que não temos só uma maneira de enxergamos a vida. Imagine o tédio que teríamos que enfrentar, jamais conseguiríamos ver que uma perda pode ser vitoriosa, e comemorada com júbilo. A dúvida parece ser o melhor modo de se viver bem. Ela não compromete, nos deixa inseguros, as vezes acreditamos, outras vezes não, e ele, na sua trajetória incansável e sem parar  um segundo, vai nos levando para o fim da nossa história.
            Tempo, meu mortal inimigo, quanto tempo você vai me dar?

terça-feira, 4 de maio de 2010

Até onde vai o show da fé

                   A maioria das pessoas que passam a frequentar determinadas denominações religiosas, e são várias, tem uma nova postura diante da vida. Em alguns casos, grandes mudanças acontecem, e na maioria, abre-se uma nova perspectiva de convivência em comunidade. Percebe-se uma sensação de que existe uma proteção maior e que a vida será outra, a partir da conversão. O ambiente social humilde não muda muito, mas cria-se um vínculo com as pessoas ao redor, antes, de difícil acesso. É claro que isto é facilitado quando o vizinho também é convertido, caso contrário, essa mudança pode ser até um problema.
A minha crítica aqui não é direcionada a essas pessoas, e sim, a determinados "fazedores" de igrejas.
Após várias leituras bíblicas, eles se denominam Pastores. A maioria passou longe da Faculdade de Teologia. Aprendem na prática, antes através dos pregadores antigos, hoje, através da TV, que virou um celeiro de grandes animadores de auditório, apresentando a Palavra de Deus. Gritos, encenações, historinhas engraçadas, e até choro, fazem parte da tática de convencimento desse novo tipo de artista do nosso tempo. São patrocinados pela venda de CDs, de livros, dízimos, ofertas "generosas", material esse criado por membros da própria igreja. A qualidade do material pouco importa, porque de qualquer maneira será comercializado entre os fiéis, para o bem da obra, que eles dizem ser de Deus.
Mas até aqui não acho que seja um absurdo, algo abominável, principalmente quando existe fé e boa intenção, no trabalho desses homens. Para ser político, exercendo um cargo público, não precisa de diplomas, nem de um conhecimento profundo do assunto.
Então onde está o erro, vamos dizer assim? Está na manipulação política que estas instituições promovem para alguns aproveitadores. Favorece a um grupo de interesse, não interessado no desenvolvimento do país, propiciando por meio deste ambiente, a promoção de um pequeno grupo de exploradores da fé, na carreira política.  O povo humilde e na maioria das vezes desesperado, em busca de soluções milagrosas, percebe, porém não se importa, que está sendo usado, também, para estas finalidades. Na mão de quem estamos entregando o comando da nação? Essa é a pergunta que me assusta. Até onde vai o show da fé?

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Não coloque o pé na janela sem estar prevenido

A sensação de não ter solução, cega a nossa visão do futuro. Não tem jeito, é a palavra que mais se destaca nessa hora. Por que insistir se já sei o final da história. Tudo que vai acontecer, daqui pra frente, em nada vai me favorecer. Já vi e revi todas as possibilidades, só vejo uma saída, pular pela janela.
Não vou deixar uma carta com lamentações, como é de costume, simplesmente farei o que decidi. Vão dizer que é covardia, que fui precipitado, que Deus tem solução pra tudo. No meu caso eu não vejo assim. Não sou analfabeto ou imbecil, que não percebe o que está se passando comigo e ao meu redor. Sei das dificuldades, dos problemas envolvidos, e que é incurável. Já vi muitos casos iguais que não foram resolvidos.
Basta, vou pular!
- Onde estou? Com certeza não é a minha casa. As paredes são tão branquinhas, dando uma sensação de paz. A luz do sol entra pela fresta de uma pequena janela, bem perto do teto. Não fosse a dor que estou sentindo, eu diria que estava no céu, ou mesmo, no paraíso. Raramente lembro ter sentido tanta calmaria assim, em toda a minha vida. Doem muito, as costas, as pernas, os braços. Parece que um trator passou por cima de mim.
- Bom dia! Como está?  Uma mulher de branco me pergunta. Agora percebi, estou num hospital.
- Como cheguei até aqui? Perguntei, praticamente sabendo a resposta.
- Você tentou se matar. Ela respondeu.
Pronto, não vou perguntar mais nada, me lembrei de tudo. Acho até que riram muito de mim apesar de estar com a perna quebrada, com várias escoriações nas costas, no peito, com os braços “ralados”, etc...
E o problema que não tinha solução? Vai continuar assim até eu ficar bom desses que arrumei.
Era madrugada, depois de um pesadelo, acordo assustado, penso na vida que estou levando, nas dificuldades que estou enfrentando e resolvo me matar, pulando pela janela. Por uma fração de segundos, esqueci que estava no primeiro andar de um edifício de vinte andares. Dava até pra morrer, dependendo do tipo da queda, mas caí de um modo que deu pra chegar com vida neste hospital.
Continuo com os problemas antigos, que me fizeram fazer esta besteira, ganhei mais alguns, e decidi, de uma vez por toda, que nunca mais vou colocar o pé na janela, pra pular, sem antes tomar um veneno fulminante. 

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Solidariedade dá pra "arrumar algum"

 Num desses dias de temporal no Rio de Janeiro, em que situações de calamidades aconteciam a todo momento e a televisão cumpria jornalisticamente o seu papel de informar, apareceu um vídeo  amador onde mostrava um motoqueiro, um carona e a moto caindo dentro de buraco, encoberto pela água que cobria o asfalto daquela rua.
O que me chamou a atenção do filme foi a frieza do autor do vídeo. Não sei quanto ele cobrou para a TV exibi-lo, mas com certeza não foi de graça, nem um gesto de solidariedade, porque ele sabia que ali poderia acontecer uma desgraça, e ficou a espera para registrar. O fato felizmente não foi tão grave  como ele sabia que poderia ser.
Uma outra cena interessante que a TV também mostrou foi a de uns rapazes, empurrando carros que estavam presos na água para um lugar mais seguro, por um  "precinho razoável" para a situação e o reporter ainda dizia que "pelo menos eles estavam ajudando'. Infelizmente eu também acho, mas não me venha chamar isso de solidariedade.
O povo brasileiro é muito solidário, isso eu ouço falar toda vez que é convocado pela imprensa para ajudar desabrigados ou outra situação onde é necessário a ajuda da população. Mas já houve casos de desvios do material doado, por alguns aproveitadores. Quero concluir com esses fatos que a solidariedade existe, e sempre vai existir, mas que está aumentando o número de aproveitadores destas solidariedades.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Estrêla



Uma estrêla não morre.
Muito já se falou dele, e ainda, por bastante tempo, será tema de conversas, debates, fofocas, etc.., mas o Grande Artista sobreviverá e viverá para sempre no coração do mundo.
Boa viagem, Peter Pan!

terça-feira, 31 de março de 2009

Acredite, mesmo não acreditando

     Eu sou daqueles que lê a Bíblia e questiona. Busco lógicas para explicar tudo, sempre com uma visão de desconfiança. Vejo muitas contradições nos fatos narrados ali. Ao longo dos anos aprendi a ver os fatos a luz da razão, porque o coração não pensa. Disso eu tenho certeza, quem pensa é o cérebro. Nos textos que lemos encontramos também situações e acontecimentos inexplicáveis. Poderia até citar alguns, mas não importa, esse não é motivo principal desta postagem.
     "Amar a Deus sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo". Ao ler esta frase, eu percebi o tanto quanto fui mal pra mim, porque ao escrevê-la de outra forma, senti a proximidade de Deus, que sempre esteve comigo. Amar a teu próximo como a ti mesmo é amar a Deus sobre todas as coisas. Desse jeito, mesmo não acreditando nos textos escritos pelos meus antepassados, cheguei a conclusão que não respeitei os limites, o tempo, o momento, a época, os sentimentos, a visão e as experiências vividas por um ser humano igual a mim.         Seja qual for a interpretação que eu tenha tentado dar para o pouco que li sobre a Palavra de Deus, é visivel a falta de amor que tenho por mim e pelos os outros. Deixando de lado o "amar a Deus sobre todas a coisas" me resta somente "amar ao meu próximo como a mim mesmo", e se eu negar esta afirmação, estarei duvidando até de mim. Se hoje eu penso e até consigo escrever, é porque aprendi por intermédio de alguém, seja através de palavras, de textos, na escola, e assim por diante. Alguém sempre esteve próximo de mim, nisso eu acredito, não é diferente pra ninguém. Tudo isso é Deus, que nos ama sobre todas as coisas, até não acreditando. 
      O que restaria de mim ao não admitir essa verdade absoluta, talvez um ser de outro planeta, um extra terrestre, um ninguém? Questionar não é um defeito, é uma virtude que deve me aproximar mais do meu irmão, respeitar o que foi dito, que foi visto, o que foi vivido e o que foi narrado por ele, em qualquer época. Não é possível viver sem essas experiências, sem esses ensinamentos, porque seria o mesmo que viver sem Deus, o que é impossível.